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Espetáculo “Cordel do Amor sem Fim – ou A Flor do Chico” estreia na Mostra de Arte Cênicas de Tiradentes

Com texto de Claudia Barral, a montagem faz sua estreia em solo mineiro na próxima sexta-feira (27/05), na 10ª Mostra de Arte Cênicas de Tiradentes, em apresentação gratuita.

O grupo de teatro “Os Geraldos” apresenta pela primeira vez em Minas Gerais o seu novo espetáculo, “Cordel do Amor sem Fim – ou A Flor do Chico”. Com dramaturgia de Claudia Barral e direção de Gabriel Villela, a peça conta a história de três irmãs que vivem em Carinhanha, uma cidade do sertão baiano, às margens do Rio São Francisco. A mais nova das moças, às vésperas de seu noivado, apaixona-se por um viajante no porto, um acaso que muda o rumo de todas as personagens dessa história sobre a espera, o tempo e o amor. Com músicas tocadas e cantadas ao vivo, a obra traz canções da Música Popular Brasileira.

“Cordel do Amor sem Fim – ou A Flor do Chico” faz estreia em solo mineiro na próxima sexta-feira, dia 27 de maio, na 10ª Mostra de Artes Cênicas de Tiradentes, com exibição gratuita às 21h, no Largo das Forras. A apresentação faz parte do projeto “A Flor do Chico – Circulação Teatral”, patrocinado pela empresa Porto, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, que contempla 10 apresentações do espetáculo por municípios mineiros.

O espetáculo começou a ser montado em novembro de 2019 e em março de 2020 estava pronto, mas não pode estrear em virtude da pandemia. Acontecimento que, para Gabriel Villela, teve uma forte ligação com o texto de Cláudia Barral, que fala de espera, o tempo e o amor. “Cordel do Amor sem Fim – ou A Flor do Chico” é um espetáculo criado num momento de muita dor na humanidade. Esperou guardado dentro de malas para estrear quase dois anos depois. Nosso Cordel, que é uma fábula sobre espera e amor, teve que esperar e nos ensinar a nos recolher, a silenciar palcos, ritos e liturgias sociais, em prol de nos proteger coletivamente. Recolhidos em casa, com cenário e figurinos também confinados, tivemos que aprender a inventar modos de nutrir esperança, a não esquecer nunca que somos perecíveis e a perceber, mais do que nunca, que a arte presencial, carnal, de encontro, é uma realidade ilimitada que pode nos salvar. Contra nossa vontade, aprendemos quanto movimento há em esperar, o quão laborioso é enfrentar nossos fantasmas, gozar o tempo. É angustiante, mas saímos existencialmente transformados”, diz o diretor.

A espera transformada em ação já foi tema dos dramaturgos Samuel Beckett e de Anton Tchekhov, caminho que Cláudia Barral desbrava com desenvoltura própria. “A Cláudia está entre nossos grandes dramaturgos.  Uma joia em meio ao lamaçal. Ela cria para si uma estradinha de barro, bem ribeirinha, um barranco brasileiro no Rio São Francisco.  Assim, com um lirismo sensível, ela nos presenteia com um cordel pungente, um afago em tempos tão brutais.  Na fábula, a eterna espera por um amor prometido, uma promessa tão fugaz que se torna motivo de chacota, deboche e reprovação. Munidos desse texto, o trabalho com Os Geraldos decerto seria singular (jovens e aprendizes ávidos por poesia e esperança). Acreditando na volta do amor prometido, retornamos renitentes: é o amor”, define Gabriel Villela.

Nesse encontro entre o universo do texto e o diretor, Gabriel Villela guarneceu o elenco de referências teatrais, plásticas, musicais, literárias, míticas e arquetípicas: a espera das três irmãs, galinhas chocadeiras de seus destinos tais quais “As Três Irmãs”, de Anton Tchekhov, obstinadas como Penélope, da mitologia grega, resistentes como Yerma e Bernarda Alba, de Garcia Lorca, capazes ainda de pulsar a elegância e a fertilidade das mulheres de Toulouse-Lautrec e a beleza naïf das noivas do Vale do Jequitinhonha. “Gabriel Villela nos guiou, para usar uma expressão cunhada por ele mesmo, à camada pré-sal da dramaturgia, investigando significados e simbologias que conduzissem as operações épicas e poéticas da interpretação e do invento de figurinos, adereços, cenário e trilha sonora. Ele é um mago da beleza e, para nós, enquanto grupo, é a concretização de um sonho trabalhar com ele, assim como é uma oportunidade ímpar assisti-lo erguer um espetáculo de forma tão exuberante”, define a atriz Paula Guerreiro, que integra o elenco.

“Cordel do Amor sem Fim – ou A Flor do Chico” reúne artistas que têm em comum o trabalho com o teatro popular: o diretor mineiro Gabriel Villela, com seu universo barroco, musical, colorido e popular; a dramaturga Claudia Barral, nascida em Salvador e inspirada pelas narrativas, poesias e culturas locais do sertão baiano; e o grupo paulista “Os Geraldos”, cuja trajetória, de 14 anos, está pautada na cultura popular. A atriz Paula Guerreiro conta que são mais de trinta pessoas diretamente envolvidas na realização do espetáculo. “É um projeto importante, por democratizar o acesso a uma obra da dramaturga Claudia Barral, em parceria com Os Geraldos e Villela, em cidades para além do circuito tradicional, eixo Rio-São Paulo, e por propiciar uma celebração do teatro popular brasileiro, nesse encontro com a linguagem mineira, barroca e circense de Gabriel, lembrando que o Velho Chico, ao qual a peça faz homenagem, passa no quintal do diretor”, declara.

A equipe formada por Villela para “Cordel do Amor sem Fim – ou A Flor do Chico conta com a cantora e preparadora vocal belo-horizontina Babaya Morais (BH/MG), a cantora lírica e professora de canto italiana Francesca Della Monica, e o músico e paulista Everton Gennari, trabalhando na espacialização e antropologia da voz; o assistente de figurinos e adereços José Rosa, de Caculé (BA), e os assistentes de direção Zé Gui Bueno e Ivan Andrade, de São Paulo.

 

OS GERALDOS

O grupo nasceu há 14 anos em Campinas (SP) e desenvolve três frentes de pesquisa e atuação na área artística: 1) CRIAÇÃO, com a montagem e circulação de espetáculos; 2) FORMAÇÃO, com o oferecimento de cursos, oficinas e projetos de iniciação profissional; e 3) TERRITÓRIOS CULTURAIS, com a gestão de espaços que, para além das atividades de criação e produção do grupo, tornam-se espaços de promoção de cultura, formação de público e articulação com artistas e sociedade. Por essa ampla atuação – aliada à constituição de espaços dedicados à arte e à cultura, para além de uma sede -, o grupo foi indicado, em 2017, ao Prêmio Governador do Estado de Territórios Culturais. Atualmente, o grupo conta com 8 espetáculos em repertório, apresentados em mais de 80 cidades, de nove estados brasileiros, além de festivais nacionais e internacionais em países como Marrocos, Argentina e Peru.

Os Geraldos, como nome indica, pesquisam linguagens que possam aproximar suas realizações desse objetivo: comunicar-se com um público Geral, ou com qualquer “Geraldo”, o que não significa uma simples generalização e pasteurização do público, mas um intento de se conectar com a raiz do teatro popular, um resgate à formação de público. A consideração do público como elemento central na construção de uma linguagem está também na base do primordial teatro grego, mas também das formas variadas da comedia dell’arte e do teatro épico de Bertold Brecht. A difusão, o apresentar o teatro, é para o grupo ao mesmo tempo um objetivo e um ponto de retorno para definição de suas linguagens.

Fonte: Divulgação/foto (crédito):  João Caldas.

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