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Iphan anuncia treinamento de brigadas para proteger monumentos em Minas Gerais. 

O foco principal é o de proteger contra incêndios prédios históricos e monumentos reconhecidos pela UNESCO.

Esforço coletivo e inédito no país na tentativa de evitar incêndios em prédios históricos e garantir a integridade do patrimônio das quatro cidades mineiras com núcleos e monumentos reconhecidos pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Diante da tragédia no Museu Nacional, no Rio de Janeiro (RJ), que completa hoje 10 dias, a superintendência em Minas do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) vai coordenar uma rede de prevenção e proteção que deve articular autoridades e servidores de Ouro Preto e Congonhas, na Região Central, de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, e de Belo Horizonte. “Vamos treinar pessoal para agir ao menor sinal de fogo. Queremos mobilizar não apenas servidores de museus, mas também de arquivos e outros edifícios públicos, zeladores de igrejas e de capelas e outros interessados da sociedade civil”, disse, ontem, a superintendente da autarquia federal no estado, Célia Corsino. Uma vez instalada e funcional, a experiência tende a ser expandida para outras cidades do estado.

Ao presidir, na tarde de ontem, uma reunião com representante das cidades – com exceção de Diamantina, cujas autoridades mandaram, por escrito, suas diretrizes para prevenção de incêndios no Centro Histórico –, Célia explicou que o objetivo é mobilizar as equipes até o fim do ano. “Queremos passar informações práticas que podem salvar o patrimônio. Por exemplo, quem um zelador deve acionar no caso de sinais de um incêndio, como desligar equipamentos, e, claro, alertar sobre os perigos, além de adotar ações emergenciais. São procedimentos básicos e essenciais”. As frentes de trabalho incluem medidas mais imediatas, como o treinamento, e também de médio prazo, como revisão e requalificação de projetos, e de longo prazo, com a implantação de medidas estruturantes identificadas como necessárias.

Para a superintendente, é hora de “botar a boca no trombone”, ou seja, denunciar o que estiver em risco para evitar um mal maior. Ela lembrou que “o cobertor é curto” em termos de recursos, mas é preciso buscar saídas. “É preciso que as pessoas gritem sobre a degradação do patrimônio, mas é preciso também que esse grito seja bem alto, para ser ouvido”, afirmou. A iniciativa terá como referência para proteção do patrimônio um projeto desenvolvido em BH,  em parceria com o Corpo de Bombeiros, que foi apresentado pela presidente da Fundação Municipal de Cultura, Fabíola Moulin.

Sobre os recursos para o treinamento, Célia Corsino esclareceu que fará contato com o Corpo de Bombeiros e vai buscar verbas no próprio Iphan e no Ministério da Cultura: “Precisamos observar que a prevenção do patrimônio não é feita de forma isolada. De que adianta proteger um prédio histórico se a construção ao lado não está segura?”, alertou. O diretor do Museu de Congonhas e presidente da Fundação Municipal de Cultura, Lazer e Turismo (Fumcult), Sérgio Rodrigo Reis, afirmou que é fundamental ter atenção a questões básicas para evitar o pior: “Como fazer? O que devo fazer no momento do fogo? Como proteger o equipamento cultural? O processo educativo é fundamental e mais importante ainda que as informações sejam replicadas”. Em Congonhas está o Santuário Basílica Senhor Bom Jesus de Matosinhos, que acaba de ser restaurado com recursos do PAC Cidades Históricas.

Controle

Célia Corsino destacou que o trabalho integrado começará pelas quatro cidades mineiras, devendo se estender depois para as demais com patrimônio tombado. “Será um momento importante para a troca de experiências, de conversas entre as cidades com sítios reconhecidos pela Unesco. É basicamente o que está na Carta de Goiás”, disse a superintendente, em referência ao documento firmado, mês passado, na Cidade de Goiás (GO) por autoridades de 13 municípios brasileiros, ao fim do Seminário Internacional Gestão de Sítios Culturais do Patrimônio Mundial no Brasil, promovido pelo Iphan.

O secretário municipal de Cultura e Patrimônio de Ouro Preto, Zaqueu Astoni Moreira, destacou o papel importante de especialistas em segurança de museus e outras instituições culturais. “A Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) tem muitos profissionais de gabarito nessa área, e será importante contar com a experiência deles.” Na avaliação de Zaqueu, que trabalha na primeira cidade brasileira sob chancela da Unesco (1980), é de suma importância a participação da comunidade nessa rede de prevenção e proteção. De Ouro Preto também estiveram presentes o chefe do escritório do Iphan, André Macieira, e a arquiteta Maria Cristina Cairo, da equipe da prefeitura. De Congonhas, veio a chefe do escritório do Iphan, Ana Flávia Lino Leite.

Diamantina, cujo Centro Histórico ostenta o título da Unesco e está hoje em festa para homenagear o filho ilustre Juscelino Kubitschek (1902-1976), também veio uma contribuição. Segundo a superintendente do Iphan, está em negociação com o grupo especializado Ignis, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a elaboração de diagnóstico e projetos para proteção dos bens tombados do Centro Histórico, de acordo com informações da prefeitura local.
Fonte: Jornal Estado de Minas/Fotos: Januário Basílio/Beto Novaes e Juarez Rodrigues.