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A tragédia ocorrida com a morte de cinco crianças e de uma professora de uma  creche localizada na cidade de Janaúba, cidade distante a cerca de 130 km de Montes Claros, região Norte de Minas Gerais, está provocando forte comoção em diversas cidades do país. Sensibilizados com as dores dos familiares que perderam seus filhos, ou por aquelas que ainda se encontram internados em hospitais da região e da Capital do Estado, diversas pessoas estão manifestando gestos de solidariedade pela momento de dor pelas quais passam a população da cidade norte-mineira. Nas redes sociais, milhares de pessoas trocaram a foto do perfil no Facebook por uma foto acompanhada da frase; “Força Janaúba”, em apoio e solidariedade as famílias vítimas da tragédia.

A repórter da TV Globo Minas, Larissa Carvalho, se emocionou ao vivo durante uma reportagem realizada em frente do Hospital João XXII em Belo horizonte, ao falar sobre a suposta morte de duas criança vítimas da tragédia em Janaúba e que estavam a caminho do hospital sendo conduzidas em um helicóptero do Corpo de Bombeiros. Durante a reportagem, era possível sentir através da voz da jornalista  o estado bastante emotivo  que ela sentia ao dar a notícia de morte das crianças, o que logo depois foi corrigido pela assessoria do Corpo de Bombeiros e comunicaram a emissora de que apenas uma criança teria falecido durante a viagem, a outra que foi dada como morta, os bombeiros realizaram vários procedimentos de reanimação, conseguindo êxito nas manobras, e a criança voltou com os sinais vitais.

Ao todo, 11 pessoas entre crianças e adultos, estão internadas no Hospital João XXII, sendo  que duas são professoras da creche, uma delas apresenta com queimaduras no corpo entorno de 60% e a outra com 45%. Outras crianças permanecem internadas em hospitais de de Janaúba e de Montes Claros, algumas delas, por ter inalado fumaça tóxicas.

 

Corpos começam a ser velados em Janaúba

Com o neto sendo velado na sala, a avó diz que se o vigia não tivesse morrido ela reuniria todos os amigos dela para cuidar dele: “esse homem estava sofrendo demais para fazer tanta gente sofrer assim, filha. Ele precisava de tratamento”, disse Hilda Rodrigues, 67, avó de Luiz Davi Rodrigues, 4, uma das cinco crianças que morreram queimadas na creche Gente Inocente.

Essa fala dela é talvez o maior exemplo do quanto os moradores de Janaúba são pessoas que desconhecem a palavra hostilidade, pelo contrário, são de uma simplicidade que te abraça a alma. Nos velórios realizados dentro das casas, tradição mantida há anos – mesmo que já tenham sido criados locais oficiais para velar corpos – eles precisam estar no aconchego de casa, com café e biscoito, unidos. E assim velam à noite inteira seus mortos, ainda que jamais tenham imaginado ter em suas salas um caixão tão pequeno, muito menos pelo motivo que foi.

Hilda só queria que a dor que ela e a filha Fernanda Rodrigues, empregada doméstica de 24 anos, estavam sentindo pela falta que Davi já estava fazendo, passasse. Entre tantas lembranças fresquinhas do neto, ela citou uma cirurgia recente no umbigo. “Não esperava que Davi ia morrer desse jeito. Reconheceram ele pelo umbigo”, contou, referindo-se ao reconhecimento do corpo muito queimado, bem diferente da fotinha em cima do caixão.
Luiz Davi era um dos 14 netos de Hilda, uma conta que ela demorou a fazer e demorará mais ainda a não incluir o pequeno entre os seus herdeiros vivos de sua bondade. “Ele dizia que gostava de mim desse tantão” (e mostrava com os braços largos imitando o neto).

Já Janiqueli Silva Soares, 29, mãe de Ruan Miguel Soares, 4, também com um gesto mostrou onde seu filho apoiava para dormir, no ombro, agarradinho com ela. No terreiro,  junto aos seus amigos e familiares que lhe davam força no velório de seu filho, ela dizia: “Eu nunca mais vou ver meu menino, ô dózinha”, e olhava para cima sem parecer sequer enxergar aquele céu estrelado numa noite de lua cheia, que naquela e tantas outras casas de Janaúba seria das mais longas.

O velório de Ruan na casa azul da rua José Gorutuba, no bairro Barbosa, foi a alguns quarteirões do de Davi, e também era pertinho do da Ana Clara Ferreira, 4. Nas vias escuras de terra, era fácil encontrar as casas, pois várias pessoas estavam sentadas do lado de fora, com as portas abertas para quem quisesse prestar um conforto, e todos eram recebidos com carinho. Lá dentro estavam os caixõezinhos, ao lado de coroas de flores e símbolos religiosos, no meio da sala das casas pequenas, de chão batido.

Quase não dava para reconhecer Ruan, mas para os que estavam ali, só enxergavam o menino sapeca, que um dia botou fogo na casa que morava na roça. Ontem, ele salvou uma coleguinha do incêndio criminoso, mas quando voltou para buscar outro amigo, não conseguiu sair pela janela. “A menina que trabalhava na creche contou que eles morreram abraçados. Quando separaram os corpinhos, ficou a pele um do outro nos braços”, narrou Dinamar Dias Barbosa, vizinho da frente da casa de Ruan.

 

Sobre o vigia Damião

Investigadores da Polícia Civil estiveram na tarde de ontem na casa do vigia Damião Soares dos Santos, de 50 anos, autor de um ataque que deixou quatro crianças mortas dentro de uma creche em Janaúba, no Norte de Minas.

No local, foram apreendidos vários galões de álcool. Segundo o delegado Renato Nunes, o vigia era funcionário público da Prefeitura de Janaúba, mas estaria afastado. Ele teria problemas mentais e seria obcecado por crianças.

Ainda de acordo com o delegado, em 2014, Damião teria feito uma denúncia ao Ministério Público de que estaria sendo envenenado pela mãe, mas nada foi provado. “Isso era coisa da cabeça dele”, disse.

Já nesta semana Damião dos Santos informou a familiares que iria morrer. Ontem, completou três anos que o pai do vigia morreu.

“O autor teria dito à família que daria um presente a eles e morreria nesta semana”, informou o delegado.

NA CRECHE
O delegado Bruno Fernandes, responsável pelo caso, disse que o vigia teria ido à creche para entregar um atestado médico à direção da instituição.

“A diretora está em estado de choque, ainda não teve condições de esclarecer o que, de fato, o vigia foi fazer na escola”, explica.

Ainda de acordo com o delegado, o vigia morava sozinho, era conhecido na região por ser uma pessoa discreta e, segundo um vizinho, “pouco falava ou saía de casa em dias de folga”, completou.

“Eu o conhecia, mas ninguém imaginava. Sim, ele ficava sentado aqui e a gente conversava com ele demais, mas ninguém imaginava o que passava pela cabeça dele”, disse Lourival da Silva, vizinho da creche Gente Inocente.

 

 

Fontes: Jornal O Tempo e Jornal O Norte